A ULBRA Canoas promoveu na noite de quarta-feira, dia 16.05, a palestra Acessibilidade em Ambientes Culturais. O assunto foi tema do projeto de conclusão da especialização em História, Patrimônio Cultural e Identidades de Márcia Beatriz dos Santos. Márcia, que é graduada em Sociologia e atua no Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo, é deficiente visual. A palestra também marcou as comemorações do Dia Internacional do Museu, lembrado em 18.05. Participaram como debatedores o coordenador do Programa Permanente de Acessibilidade (PPA) Humberto Lippo, a coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo, Rosalia Fresteiro e o coordenador de Ciências Biológicas, Marcos Machado.

Segundo Márcia, a vontade de trabalhar com o tema se deu a partir do momento que iniciou o curso de especialização. Márcia trabalha há 15 anos na Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre e há dois no Museu da cidade, com propostas para implementação da acessibilidade.

Durante a palestra, a socióloga destacou que, atualmente, o grande desafio para os produtores e gestores da cultura é buscar novas alternativas para atrair os diversos públicos como uma forma de inclusão social, especialmente os deficientes.

“A acessibilidade vai além das barreiras físicas. Também é preciso superar as barreiras sensoriais e atitudinais”, argumentou Márcia. Para ela, ainda é preciso capacitar os prestadores de serviço que atuam em ambientes culturais para atender a pessoa deficiente e, além disso, implantar recursos específicos, como o áudio-guia e as maquetes, para que cegos e surdos possam se apropriar do conhecimento que o local oferece.

Para o coordenador do PPA, é importante que a sociedade promova momentos para a discussão sobre acessibilidade. A professora Rosalia lembrou que é preciso mudar a maneira de pensar para trabalhar a inclusão de deficientes. “Essa acessibilidade é para todos e não só para os deficientes”, destacou a professora. Já o coordenador do curso de Ciências Biológicas destacou que sociedade deve começar a se questionar como e quanto discute políticas de inclusão para deficientes físicos.  

O evento foi uma organização do Programa Permanente de Acessibilidade (PPA), em parceria com os cursos de Ciências Biológicas, Arquitetura e Urbanismo, a Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários e o Museu de Ciências Naturais da ULBRA Canoas.

Museu de Ciências Naturais

No campus da ULBRA Canoas, o Museu de Ciências Naturais passa por um processo de implantação de técnicas que o tornarão mais acessível a pessoas surdas e cegas. De acordo com o coordenador do curso de Ciências Biológicas, Marcos Machado, além da tradução dos textos descritivos para Braile e LIBRAS, também haverá uma instrumentação sensorial que possibilitará que as pessoas toquem nos materiais disponíveis no Museu. As modificações devem ser finalizadas ainda em agosto deste ano.

O professor destaca que os museus são casas de educação científica e, portanto, devem procurar se adequar de forma que possam promover a inclusão e a interação dos diferentes públicos. “Hoje em dia não se fala em cidadania sem a educação para o conhecimento científico. Se a pessoa não possui um mínimo grau de conhecimento acaba ficando à margem de muitas das discussões que a sociedade propõe”, destaca.

Machado argumenta ainda que aprender a conviver e a lidar com as diferenças faz parte do processo educacional e enriquece o crescimento pessoal e das comunidades. Para ele, o grau de democracia pode ser medido através dos programas de inclusão que a sociedade implementa.