Amigos, colegas e militantes participaram na atividade no auditório 220 do prédio 1 Foto: Luiz Munhoz/Ulbra

Amigos, colegas de trabalho e companheiros de militância do professor, desportista e ativista social, Humberto Lippo, se reuniram na tarde desta terça-feira, 21 de novembro, para relembrar o legado deixado pelo educador gaúcho para a causa da acessibilidade universal.  O encontro, realizado no auditório 220 do prédio 1 do campus Canoas, ocorre na mesma data do aniversário de morte do docente, falecido em 2015, aos 56 anos de idade.

A atividade contou com um pocket show da dupla Jorge Krügger e Celso Schimmit, que apresentaram as canções preferidas de Lippo, entre elas, Evolução, música composta especialmente em sua homenagem e que faz alusão à sua batalha em torno da inclusão social de Pessoas Com Deficiência (PCDs).

Para o atual coordenador do Programa Permanente de Acessibilidade da Ulbra (PPA) e amigo pessoal do sociólogo, Laíno Alberto Schneider, o extenso currículo e as competências individuais do colega já seriam suficientes para justificar o tributo, se não fosse a contribuição do fundador do PPA para o empoderamento de PCDs na sociedade. "O Humberto foi alguém que sempre lutou para proporcionar protagonismo às pessoas com algum tipo de deficiência física, motora ou intelectual. Ele foi um semeador de ideias, que ajudou a formular questionamentos e batalhar pela implementação de políticas públicas acessíveis em estabelecimentos públicos e privados. Ele sempre teve como dimensão política o ser humano como um todo", recorda o gestor que, em 2014 substituiu Lippo na coordenação do órgão universitário.

Natural de Porto Alegre, Humberto Conceição Lippo Pinheiro nasceu em 1958 e desde a infância conviveu com problemas de mobilidade em razão de uma doença degenerativa na coluna. Cadeirante desde os dez anos, teve as duas pernas amputadas antes de completar a maioridade. No final da década de 1970, passou a integrar grupos desportivos para cadeirantes, onde participou de diversos campeonatos.  Após uma longa trajetória como militante social, lutando pela acessibilidade universal, graduou-se em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1989.  Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), em 1999 foi convidado pelo então Governador Olívio Dutra para presidir a Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades no Rio Grande do Sul (FADERS). 

Em 2006, ingressou na Ulbra, onde passou a articular junto dos seus superiores uma série de medidas de inclusão de PCDs dentro da Instituição. Cinco anos depois, participou da estruturação de um Programa Permanente para tratar do assunto. Após um período em Brasília, onde exerceu o cargo de Secretário Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, retornou ao sul do país e à atividade docente na Universidade. Nos seus últimos anos de vida, foi Diretor de Acessibilidade do Sport Clube Internacional, cargo que deixou no ano seguinte já em decorrência da saúde frágil.

De acordo com a viúva Idilia Fernandes, Lippo foi mais do que uma referência nas lutas pela quebra de barreiras físicas, psicológicas e sociais envolvendo questões de acessibilidade. "O Humberto foi um sujeito coletivo que nunca aceitou a vitimização, ele sempre apostou no direito dos PCDs de exercerem a cidadania. Cabe a nós dar continuidade a essa missão", pontuou a viúva em determinado momento do ato memorial.  

Marcus Perez 
Jornalista MTb 17.602