As alunas Núbia (E) e Dóris (D) conversaram com um grupo de idosos interessados em formar um coral Foto: Luiz Munhoz/Ulbra

Cerca de 15 idosos participaram, na tarde desta quinta-feira, 12 de abril, de uma oficina sobre saúde vocal, promovida por alunos do curso de Fonoaudiologia da Ulbra, no Lar São José, Instituição filantrópica que há 51 anos acolhe pessoas na terceira idade em situação de vulnerabilidade, em Canoas.

Na ocasião, as estudantes Núbia Gaier e Raíssa Braz Morais, ambas do 7º semestre da graduação, falaram sobre as transformações pela qual a voz humana passa ao longo da vida e que vão moldando o timbre, tonalidade e capacidade de entonação do indivíduo. "Conforme envelhecemos, a voz vai ficando mais grave nas mulheres e mais aguda, no caso dos homens. As pregas vocais ficam mais flácidas, fazendo com que o som emitido enfraqueça justamente porque ocorre um afastamento maior entre uma corda vocal e outra", explica Raíssa, que, com o objetivo de estimular a interação entre os residentes da casa de repouso, pretende implantar  com a colega um coral no local. "A ideia é integrá-los em um espaço de convívio e lazer", garante Núbia, ao analisar a atividade que integra uma das ações promovidas pelo bacharelado em alusão ao Dia da Voz, celebrado no mundo inteiro na próxima segunda-feira, 16 de abril.

Música possui poderoso efeito no combate a doenças  

Gerente da Entidade Santa Isabel, mantenedora do lar que hoje abriga 50 idosos, Priscila Pereira enxerga com bons olhos a proposta do coral. Conforme a gestora, as oficinas ajudam a manter o bem-estar físico e mental de senhores e senhoras, todos com mais de 60 anos. "Auxilia a prevenir a disfagia (dificuldade de engolir), aumenta a autoestima, afasta a depressão e ajuda a compensar a falta que o espaço familiar faz para cada um deles. Muitos desses pacientes são acometidos por doenças como o Alzheimer e não lembram o nome de seus parentes e nem o motivo de estarem em um abrigo. Mas quando toca uma canção conhecida, quase todos lembram na hora. Esse é o poder que a música tem", reflete Priscila, ao destacar a predileção de alguns inquilinos pelo samba e pela MPB. O gênero agrada, por exemplo, os ouvidos de Terezinha Abel Braga, que aos 79 anos não deixa o mau humor invadir sua rotina.

Atenta a cada palavra e se esforçando para fazer os exercícios indicados pela dupla de acadêmicas, ela pretende integrar o futuro coro musical. "Passei por três cirurgias e a minha voz já não é tão boa como antigamente, mesmo assim, quero fazer parte do coral", pondera a senhora, que lembra com saudades de marchinhas antigas, clássicos de Roberto Carlos e números populares, como Saudosa Maloca e Trem das Onze, de Adoniran Barbosa.  

Segundo Raissa, o próximo passo é realizar visitas semanais ao local para dar continuidade ao projeto. Devido ao caráter filantrópico, o Lar São José não visa fins lucrativos e chega a enfrentar dificuldades para se manter. "Aceitamos qualquer tipo de donativo, desde alimentos não perecíveis a artigos de higiene pessoal", comenta Pereira, que recolhe contribuições na sede da residência geriátrica (Rua Dom Pedro II, nº 10, Bairro Niterói, Canoas/RS).  Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 3572-5605 ou pelo e-mail secretaria@acaosocialsantaisabel.org.br.

Marcus Perez 
Jornalista Mtb 17.602