Luana Brum com as modelos que vestiram sua coleção Foto: Darlan Ferrari

Você sabia que é possível criar roupas incríveis com sobras de tecidos? Além de ser uma maneira sustentável de desenvolver um vestuário. Pensando nisso, a estudante do curso de Design de Moda da Ulbra Canoas, Luana da Silva Brum, de 23 anos, criou peças com sobras de materiais provenientes da indústria têxtil, coletados na Fundação dos Bancos Sociais. 

A acadêmica, que se forma em agosto, elaborou seu projeto a partir do tema Tempos Líquidos, baseada na obra do autor Zygmunt Bauman, buscando trazer os conceitos de liquidez. Para o pensador, os tempos são considerados "líquidos", pois tudo muda rapidamente. "Nada é feito para durar. Bauman traz os conceitos para dentro de uma coleção de moda, de forma a pensar como ela seria e em quais questões estaria pautada, de forma a retratar o momento do mercado atual", explica Luana. 

A coleção desenvolvida pela estudante buscou resgatar as linguagens utilizadas antes da revolução industrial. O processo de produção escolhido foi moulage. "Esta técnica serviu como forma de resgate dos conceitos de produção artesanal, passando a ideia de exclusividade devido à possibilidade de não estarmos presos a criações em moldes padronizados", conta. A construção da coleção trouxe sentimentos expressivos para a estudante. "Isso tudo faz com que as pessoas, ao utilizarem essas vestimentas, criem um laço com a peça, por uma ligação de fidelidade com a marca, não a descartando tão facilmente", completa. 

De acordo com a aluna, estes valores possibilitaram o desenvolvimento da coleção. Trouxe a sustentabilidade como agente de modificação de impactos ambientais, pelo viés da redução da produção de descartes e a expansão do ciclo de vida das peças. "Sempre tive consciência sobre o impacto da moda no meio ambiente, por isso desenvolvi um projeto sustentável", expõe. Luana pretende seguir o caminho da sustentabilidade depois da formação. "Quero continuar trabalhando com as técnicas de costura manuais e práticas artesanais que agregam valor às peças, além de produzir vestuários em que o design e a funcionalidade favoreçam o uso duradouro", finaliza. 

A professora Letícia Schiehll, orientadora de Luana, conta que o trabalho foi desenvolvido de forma a repensar a produção de peça em que as modelagens eram mais orgânicas e feitas sob medida. "Além da diferenciação em relação as demais peças, incluímos o valor agregado de um vestuário que se adéqua às necessidades reais do indivíduo, já que a roupa é desenvolvida especialmente para ele", comenta.   

Karoline Milbradt
Estagiária de Jornalismo da Ulbra Canoas