Professor Guilherme Castro Foto: Arquivo pessoal

Guilherme Castro é professor do curso de Jornalismo da Ulbra Canoas e cineasta há 30 anos. Já produziu dezenas de filmes e neste mês lança mais um. Golpe é uma produção codirigida pelo docente e seu amigo Luiz Alberto Cassol. A pré-estreia acontece nos dias 14 e 15, às 20h30min, e dia 16 de agosto, às 21h, no Cinebancários (Rua General Câmara, 424, Porto Alegre).  

De acordo com o professor, o longa-metragem tem uma abordagem política e histórica muito clara e sintética, mas, ao mesmo tempo, muito aprofundada. O documentário não procura se apresentar como uma produção sem posição frente aos acontecimentos da destituição de Dilma. Desde o seu título já assume um posicionamento, mas isso, garante o docente, não é simples. "Quando você assume uma posição, precisa haver consistência. Não tem neutralidade, mas tem responsabilidade, profundidade e a certeza de que o filme não esgota o tema, é possível dar continuidade a ele", afirma. 

Castro conta que um documentário é sempre um recorte estabelecido pelo diretor. "Temas complexos como esse que estamos vivendo exigem olhares diferentes. Golpe é uma das possibilidades, é o olhar que nós estamos traçando para esse momento", explica. A iniciativa de fazer um filme com essa temática surgiu das experiências dos cineastas, tanto com o cinema, quanto pela participação em grupos e atividades políticas. "Por isso decidimos fazer esse filme. Tivemos a coragem de fazer no atual momento do país. Ele tem um corte histórico do presente com fatos que atingem o Brasil político e social", declara. 

A produção do longa começou em 2015. Acabou sendo suspensa por um tempo, mas acabou retornando às gravações em 2016. Ele tem a proposta de ser um filme com uma narrativa aberta. "É uma obra sobre o que está acontecendo agora. É diferente quando fazemos sobre algo do passado, pois existe um distanciamento", expõe o docente. Trata-se de um documentário com uma linguagem especial que dialoga com um mundo povoado de imagens, mas ao mesmo tempo possui uma linha argumentativa. "A proposta é fazer um filme que tenha ritmo e pegada, mesmo sendo um documentário com esta temática. Nesse longa propomos isso com todo o risco", relata. 

O filme conta com a participação do jornalista Juremir Machado, do presidente da Central Única dos Trabalhadores do estado (CUT), Claudir Nespolo, do ex-governador Tarso Genro, entre outros. "A expectativa é de um bom público. Além disso, buscamos conseguir um debate inteligente, não apenas sobre o tema, mas de reflexão sobre cinema e documentário", conta Castro. 

Carreira no audiovisual   

Além de cineasta, Castro é formado em Jornalismo e Direito. Hoje está fazendo um doutorado em Cinema. O docente explica que o maior desafio em fazer uma obra audiovisual é encontrar a maneira de estruturar um discurso. "Em um documentário contemporâneo, o segredo é estabelecer de saída qual é o teu olhar, tem que ser honesto sobre isso, mas todo o processo é incerto", conta. 

Ao longo de sua carreira, produziu dezenas de filmes. Entre todas essas produções, o professor destaca algumas. "Becos, Transversais, Boaventura e Saúde, são algumas obras que já fiz. O curta-metragem mais premiado até hoje é o Terra Prometida, no qual foi vencedor de três Kikitos de direção, filme e atriz no Festival de Cinema de Gramado", finaliza. Para conhecer mais sobre algumas obras do docente, clique aqui.

Karoline Milbradt
Estagiária de Jornalismo da Ulbra Canoas