Evento ocorreu no saguão da Ulbratech, na noite desta quarta-feira (28) Foto: Leonardo Magnus/Ulbra

Nesta quarta-feira, 28, o curso de Design de Moda demonstrou mais uma vez a sua preocupação com a inclusão de pessoas com deficiência. Em sua 2ª edição do Concurso de Moda Inclusiva, organizado pela coordenadora de atividades Letícia Schiehll, a comunidade pôde prestigiar 12 trabalhos de diversos designers da região, todos com peças voltadas ao público que necessita de roupas adaptadas.

O evento, que recebeu apoio da Associação Canoense de Deficientes Físicos (Acadef), foi desenvolvido com o objetivo de defender a igualdade entre as pessoas, independentemente de suas limitações físicas. O diretor do campus Canoas, Leonardo Haerter dos Santos, esteve presente no desfile e relembrou que a Instituição sempre teve a preocupação com a acessibilidade e inclusão de pessoas com todos tipos de deficiência. "A Ulbra tem em seu DNA esse trabalho, antes mesmo de ser obrigatório. Esse evento é só mais um exemplo do esforço diário que todos nós fazemos para incluir essas pessoas guerreiras", ressaltou em seu discurso.

As juradas do desfile realizaram uma pré-avaliação dos looks antes que o evento iniciasse. Os participantes tiveram que apresentar os conceitos utilizados nas peças, demonstrar o uso delas e tirar dúvidas sobre detalhes das roupas. Anna Carolina Weber, primeira a passar pelo processo, trouxe a sua avó como modelo. A criação se deu pela percepção da necessidade de facilitar a vida da senhora de 86 anos, que está há três com dificuldades de locomoção. Segundo a jovem, "a peça foi pensada para aliar estética e praticidade, se preocupando com a vaidade da mulher e facilidade de adaptação ao dia a dia".

Exemplo de inteligência e superação

Participando de um evento no meio acadêmico, o jovem Guilherme Finotti, que nasceu com paralisia cerebral, foi um dos destaques da noite de desfiles. Muito aplaudido durante sua passagem pela passarela, ele possui uma história de demonstração de inteligência acima da média e muita superação. Aos 26 anos, Guilherme já possui pós-graduação em Engenharia de Software para Mobile. Segundo sua mãe, Eunice Finotti, a capacidade cognitiva ficou intacta, tendo dificuldades somente na parte motora.

Madrinha de Guilherme, a designer de moda Katia Cristina Kayser ficou em 2º lugar no concurso. A sua peça consistia em camisa e calça sociais, visando melhorar a vida do afilhado, que costuma frequentar eventos formais com certa frequência. O jovem é concursado da área de TI do Banrisul, onde trabalha há cinco anos. Para ela, "é muito importante dar mais visibilidade à moda inclusiva, pois cada vez nos deparamos com mais pessoas com necessidades especiais e o mercado é muito restrito", disse a profissional.

Grande vencedora cria peça para cegos

O look vencedor da noite veio de longe. A santa-mariense Natália Urbanetto Nogueira, que trouxe sua irmã Maiara como modelo, recebeu o prêmio de destaque do evento. Ela produziu uma peça a partir do relato de pessoas cegas, investigando os problemas que essas pessoas encontram na hora de se vestir. "Eu escolhi a temática Safari, pois, nos relatos, me disseram que gostariam de sentir como é a pele de um animal. Além disso, a peça tem um viés azul, tendo como base o sonho delas em ver a cor azul", explicou a jovem. Ela ainda disse que se interessou pelo concurso ao ver que o assunto é pouco falado e explorado. "Essas pessoas precisam ser mostradas, elas têm muita dificuldade de encontrar roupas e o concurso traz essa abrangência, sem excluir", concluiu.

Confira a lista com as vencedoras:

1º Lugar: Natália Urbanetto Nogueira - Universidade Franciscana de Santa Maria (UFN)
2º Lugar: Katia Cristina Kayser - Feevale
3º Lugar: Mariana Luísa Schäffer - Ulbra

Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS