Para o poeta García Lorca, o flamenco é a mais gigantesca criação do povo espanhol Foto: André Bresolin/ Ulbra

A Espanha de Cervantes foi o tema do 7º Sarau das Nações, realizado nesta terça-feira, 25 de outubro, na Ulbra Canoas. Promovido pela Assessoria de Relações Internacionais da Instituição, o evento homenageou a Espanha. O país está comemorando, em 2016, 400 anos do aniversário de morte de Miguel de Cervantes, considerado o maior escritor em língua espanhola. Precursor do realismo espanhol, Cervantes deixou como legado a obra Don Quijote de la Mancha, que representa, na história da literatura ocidental, a primeira obra eminentemente popular a atingir o reconhecimento pela qualidade literária. Os elementos pitorescos e da paródia nele encontrados influenciam, até hoje, outros escritores.

Ao longo de todo o dia, diversas atividades que divulgaram aspectos da cultura espanhola foram realizadas no campus. Uma seleção de pratos típicos espanhóis compuseram o buffet do Restaurante DuCafé, situado no prédio 1. Na oficina Vinhos da Espanha, o  sommelier da Escola Argentina de Sommeliers e do Centro de Estudos Técnicos Turísticos da Universidade de Barcelona, Carlos Juan Migues, apresentou um workshop sobre o assunto e os participantes degustaram a bebida. A mesa-redonda A História, a Literatura e o Cinema da Espanha Através do Filme Don Quijote de Miguel Cervantes foi o destaque do evento, lembrando que o livro internacionalizou a Espanha. Já outra importante expressões da cultura espanhola, o flamenco, foi reverenciado pelo Grupo de Dança Graziela Silveira, durante a última atividade do dia.

Incentivo ao intercâmbio
O diretor do campus Canoas, Erivaldo Diniz de Brito, lembrou que cada edição do Sarau das Nações destaca-se por diferenciais. "A escolha da Espanha e a homenagem aos 400 anos do aniversário de morte de Miguel de Cervantes para o Sarau é uma excelente oportunidade de reunir conhecimento sobre a diversidade cultural do país. Viajar é compartilhar e adquirir conhecimento", incentivou o diretor. "Apresentamos de forma muito especial os aspectos culturais de países onde a Ulbra possui convênio com outras universidades. Proporcionamos o conhecimento sobre os aspectos culturais de outros países para despertar o interesse dos acadêmicos sobre experiências internacionais, a partir da ampliação da visão de um mundo maior", explicou a assessora de Relações Internacionais da Ulbra, Andréia Athaydes.

"Celebrar hoje a cultura espanhola é celebrar a vida. A Espanha me faz lembrar de cores e de artes", disse o capelão geral da Aelbra, Maximiliano Wolfgramm Silva, antes de contar a experiência da sua viagem à Espanha. Neto de espanhóis, o pró-reitor Acadêmico Pedro González Hernández,  contou que o livro Don Quijote, de Cervantes, acompanhou sua formação do colégio até a universidade, nos 26 anos em que viveu em Cuba.  Entre as várias interpretações da obra, Hernández  abordou uma análise pessoal. "O idealismo e o pragmático podem conviver em perfeita harmonia. Esse equilíbrio se constitui em força importante em processos transformadores", avaliou, sobre a quixotização de Sancho Pança e a sanchificação de Don Quijote, que ocorre no final do livro.

Don Quijote de la Mancha
A mesa-redonda formada por docentes de diferentes áreas do conhecimento foi prestigiada pelo cônsul geral da Espanha no Rio Grande do Sul, José Pablo Alzina de Aguilar. Após um relato histórico do período em que Don Quijote foi editado, a professora Regina Curtis, do curso de História, destacou a riqueza da historicidade da narrativa. De acordo com o coordenador do curso de Letras, Don Quijote marcou a literatura. Foi o primeiro grande romance da história. "Ao contrario das epopeias, que representavam a força de um povo, Don Quijote  traz um heroi que está em contradição com o mundo, que possui conflitos consigo mesmo. Ele marca isso", explica Ogliari.

Gabriela Ramos de Almeida, coordenadora adjunta do curso de Jornalismo, falou sobre as adaptações do livro para filmes, imagens, história em quadrinhos e até videogame. "Adaptação é um traço da cultura visual contemporânea. A experiência com o filme foi bem-sucedida, pois transpôs a atmosfera da obra literária."

Para Alzina de Aguilar, a obra de Cervantes é um paradoxo. "É tremendamente local, com a descrição de paisagens da Espanha, receitas de cozinha e se transforma em algo universal. Um livro debatido e muito estudado diante da totalidade do personagem. É um instrumento de comunicação", avaliou o cônsul.

Jovens compartilharam experiências
Andréa Fernández, Andréia Escalante e Kevin Garcia, estudantes espanhois que estão realizando intercâmbio no campus, conversaram com o público sobre a experiência que estão vivenciando no Brasil. "No início, senti muita saudade", disse Fernández. "Esse sentimento é natural. Quando realizei meu doutorado na Espanha, senti saudade e o acolhimento dos colegas foi importante naquele momento. Quando nos colocamos no lugar de um estudante que está realizando intercâmbio, percebemos o quanto é significativo o afeto dos colegas", lembrou Andréia Athaydes.

Os violonistas Jean Lopes e Miguel Besnos, que realizaram intervenções ao longo do evento, ensinaram com música, a íntima ligação do violão à cultura espanhola. Lopes é vencedor do III Prêmio Juan Carlos Amat, promovido pela escola Estação Musical, de Porto Alegre, em parceria com o Consulado da Espanha. Besnos dividiu com o público a experiência de intercâmbio que está prestes a realizar. Começará em janeiro os estudos de Master Guitarra Classica de Alicante, na Espanha, para a qual foi aprovado em maio deste ano. Para bancar os estudos no exterior, ele está promovendo um financiamento coletivo, disponível para os interessados no endereço www.catarse.me/miguelbesnos.

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Caren Moraes - MTb
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