Na noite desta quinta-feira, 17, professores de escolas de ensino básico da região metropolitana e alunos do curso de Pedagogia da Ulbra puderam debater sobre a aplicação da lei 10.639/03, que torna obrigatório a inserção da história e da cultura afro-brasileira na matriz curricular dos ensinos fundamental e médio. A atividade foi realizada na 5ª edição do Conversa Sobre Inclusão, promovido anualmente pela Rede de Escolas da Ulbra.

Para falar sobre o tema, a direção da Rede convidou as professoras Juliana Ribeiro de Vargas e Cristina Tonial. Elas apresentaram recursos didáticos que podem ser utilizados no ensino em sala de aula. "As pessoas precisam entender que há outras formas de trazer o tema, não só nas aulas de História", enfatizou a professora Tonial. Segundo ela, a literatura afro-brasileira, os jogos matemáticos africanos, as danças e as músicas são algumas das soluções que podem ser apresentadas para o ensino básico.

Outro aspecto importante, segundo a docente, é formar professores capacitados a abordar o assunto. "Foi isso que aconteceu ontem: fizemos uma roda, demos espaço de fala para os alunos e mediamos o debate. Não adianta termos a lei e não aplicarmos, não prepararmos as pessoas", ressaltou Tonial. De acordo com a professora, os estudos ainda estão muito enraizados em um eurocentrismo e isso dificulta na hora dos professores transformarem isso em conteúdo para os estudantes.

Já para Juliana Ribeiro de Vargas, muitos docentes ainda resistem em realizar atividades para além do Mês da Consciência Negra, em novembro, e das outras representações naturalizadas da África e da cultura afro-brasileira. A docente descarta que haja falta de materiais disponíveis ou formação inadequada. "Os trabalhos ficam muito restritos porque ainda há racismo nas instituições, mesmo com os inúmeros materiais disponíveis na atualidade", cravou.

Rede de Escolas comprometida com a inclusão

Ao falar sobre o compromisso da Rede de Escolas com eventos que fomentem o respeito à diversidade, a assessora de projetos Carin Kuchenbecker destacou que desde o início do Conversa Sobre Inclusão, em 2014, a diretoria se empenha em trazer temáticas inclusivas que abordem todos os tipos de alunos e pessoas que frequentam o ambiente escolar. "Nossa intenção foi ter um evento que fosse realmente inclusivo, que não se limitasse às deficiências mais comuns ou a um público específico. Todos os anos buscamos uma temática diferente e que prepare os nossos professores para atender todas as necessidades da comunidade", ressaltou a profissional.

Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS