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A comunidade da quadra T-30, localizada no Jardim Taquari, em Palmas, recebeu uma visita especial de um grupo de acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Ulbra Palmas. A ação social, intitulada "Corrente do Bem", promoveu uma manhã de acolhimento, escuta e solidariedade junto aos moradores da região, marcada por diversas vulnerabilidades.

A atividade foi organizada por estudantes das disciplinas Planejamento Urbano e Regional II e Estágio I, com orientação da professora Fernanda Abreu, e contou com o apoio da ONG Meninas de Deus, que atua há anos no bairro. O evento incluiu um café da manhã colaborativo, distribuição de roupas, doações diversas e sorteio de cestas básicas --- tudo arrecadado previamente pelos próprios alunos, sensibilizados pelas realidades enfrentadas pela população local.

"Essa ação representou um marco de grande importância para os acadêmicos. Foi resultado de um estudo sobre o Planejamento Urbano de Palmas e o Direito à Cidade, que foi além da teoria para se tornar prática com responsabilidade social. A troca com os moradores gerou reflexões profundas e concretas sobre desigualdade, acesso a direitos e o papel do arquiteto na transformação de realidades", explicou a professora Fernanda Abreu.

Para a acadêmica Ana Beatriz Araújo, "participar dessa ação social foi mais do que um gesto de solidariedade, foi uma vivência transformadora. Tenho certeza que a verdadeira "mudança" não foi só pra quem recebeu, foi também pra quem participou, que saiu da bolha em que vive, que esteve presente ajudando. Fazer parte de ações como essa amplia a visão, quebra muros invisíveis e acende a vontade de continuar doando tempo, presença, empatia (...). Porque ações sociais mudam o mundo, mas antes disso mudam a gente".

A presidente da ONG Meninas de Deus, Neyla Rodrigues, destaca que a parceria com a Ulbra Palmas tem sido uma aliança valiosa, que ultrapassa o âmbito acadêmico. "Essa colaboração promove o cuidado de forma integral. Os moradores se sentem valorizados, enxergados. E quando uma comunidade é vista com respeito, ela começa a se transformar de dentro pra fora", afirma. "Ver esses acadêmicos atuando com tanto zelo, empatia e profissionalismo renova nossa fé no futuro. É sobre esperança e reconstrução de vínculos", completa.

A escuta ativa dos alunos durante a ação revelou cenários alarmantes: ausência de rede de água potável, ligações irregulares de energia, moradias em áreas com presença de animais peçonhentos, falta de infraestrutura básica para as crianças e uma luta constante pela dignidade.

"Minha passagem pelo Taquari, em Palmas Tocantins, foi uma experiência marcante e muito enriquecedora. Assim como em tantas outras partes do mundo, o Taquari carrega marcas de um crescimento urbano que nem sempre foi acompanhado pelas estruturas necessárias, algo que revela desafios históricos comuns a muitas cidades em desenvolvimento. A desigualdade que vi ali tem raízes antigas, quase coloniais como na casa-grande e na senzala que Gilberto Freyre descreve. Só que agora, ela se esconde sob o concreto das cidades, onde muitos constroem, mas poucos são convidados a permanecer com dignidade", relatou o acadêmico Guilherme Nagamine.

Moradora do local há anos, Izabel Soares emocionou-se ao ver a iniciativa: "Eles conversaram com a gente, com as crianças, viram como a gente vive ali... sem água, sem luz, tudo gambiarra. E mesmo assim, eles escutaram, se comoveram, trouxeram doações, nos ajudaram como puderam. Quando uma pessoa se acha ali naquele buraco e chega alguém com apoio, todo mundo se sente bem. Isso é humanidade", disse, com gratidão.

A "Corrente do Bem" não foi apenas uma ação pontual, mas um gesto concreto de formação cidadã. Para os estudantes, uma aula sobre empatia, escuta e compromisso social. Para os moradores, um momento raro de visibilidade, apoio e afeto.