Aula Magna do Curso de Teologia Foto: Prof. Dr. Clóvis Prunzel

Ocorreu, no dia 13 de março, às 19h, a Aula Inaugural do Curso de Teologia. Promovido conjuntamente com o Seminário Concórdia de São Leopoldo, que designa a Aula Magna, a Aula ocorreu no Plenarinho do Campus do Seminário Concórdia. Apresentado pelo professor e coordenador do curso de Teologia, Clóvis Jair Prunzel, P.h.D., o tema da aula foi "A coragem da Igreja Cristã para responder ao mundo de hoje".

Com a plateia de alunos do Seminário Concórdia, pastores, alunos dos cursos presencial e EAD da Ulbra, da pós-graduação em Teologia e Ministério Pastoral da Ulbra, da pós em Teologia e Bíblia da Ulbra e comunidade teológica das igrejas cristãs, o professor Clóvis tratou o tema destacando quatro pilares que caracterizam a coragem da igreja cristã hoje.

O primeiro pilar é caracterizado pela manutenção da identidade bíblica e confessional da igreja. Segundo a Bíblia e testemunhado pelo pensamento da Reforma, antes de ser uma organização, a igreja é um organismo vivo: ela é o verdadeiro corpo de Cristo. Por isso, as pessoas pertencem a Cristo e permanecem ligadas a Ele como igreja. Para se ter coragem, é preciso que esse organismo permaneça vivo pois a Palavra de Deus que permeia a igreja vem para ajudar a vencer o medo; a manutenção da vida casta e decente ajuda a suportar o peso das tentações; as pessoas, quando abrem mão dos seus ganhos e os repartem, suportam os necessitados; e as orações dos irmãos imploram pelas angústias uns dos outros.

O segundo pilar coloca em evidência o primeiro através da proclamação e do ministério. Não basta conhecer o remédio; precisamos fazê-lo circular em meio à igreja. Precisamos prescrever o remédio da Palavra de Deus para as pessoas. No seu comentário a Gênesis (1535-1545), Lutero escreveu: Deus criou todas essas coisas para preparar uma casa e uma pousada, por assim dizer, para a futura criatura humana, e Ele governa e preserva essas criaturas pelo poder de sua Palavra, pela qual também as criou... Ao falar, Deus criou todas as coisas e trabalhou através de sua Palavra. Todas as suas obras são palavras de Deus, criadas pela Palavra não criada. Observando os diversos usos da Palavra de Deus mediada pelos meios da graça que Lutero sumariza nos Artigos de Esmalcalde, como percebemos que esta Palavra:

a.  cria identidade -- faz o que diz: traz a morte da identidade pecaminosa; renova a identidade de filhos de Deus; renova a fé que busca e se esforça para fazer a vontade de Deus;

b.  comunicação -- a Palavra de Divina em linguagem humana; o puro ensino transmite/carrega a Palavra;

c.  corpo (não um colar de pérolas) doutrinário (selo de Lutero): quando as diversas partes estão interligadas: cabeça (Cristo e nosso entendimento sobre ele); coração (justificação pela fé); braços (sacramentos); sistema circulatório (lei e evangelho); sistema nervoso (duas justiças);

d.  proclamação e explicação (aquilo que Deus fez no passado, ele o faz no presente -- metalinguagem): Deus falando e explica como Deus pensa;

e.  oração (individual) e louvor (liturgia, comunitária);

f.  e luta contínua -- contra o diabo, o mundo e nós mesmos.

Depois de conhecermos o remédio, sabermos como conseguir o remédio, o terceiro pilar da palestra descreveu como usar o remédio para se ter coragem. Veja o relato de Tertuliano (nasceu em 160 d.C.) sobre o envolvimento da igreja em auxiliar pessoas tanto dentro como fora dela: "Nós não tomamos os presentes e os gastamos com banquetes, bebedeiras ou restaurantes luxuosos. Ao invés disso, nós os usamos para dar suporte e sepultar aos pobres, para dar suporte aos meninos e meninas necessitados que não têm mais os pais ou outro sustento. Nós auxiliamos os idosos que estão presos as suas próprias casas. Nós também auxiliamos aqueles que sofreram de naufrágio. E se acontecer de alguém ir para alguma mina, ao exílio nas ilhas ou aos cárceres das prisões -- pelo motivo de fidelidade à igreja de Deus, nada mais -- então eles se tornam crianças de peito da confissão que eles mantiveram. São os atos de amor, tão nobres, que levam muitos a nos rotularem. 'Vide', eles dizem, 'como eles amam uns aos outros'" (TERTULIANO, Apologia 39).

O último pilar, o quarto, descreveu como a igreja reflete sua identidade corajosa na oração e meditação.Talvez, importante mencionar, que o exercício que precisamos fazer, qualquer cristão o pode fazer. Na sua Singela forma de Orar, ao orientar sobre como utilizar os Dez Mandamentos, Lutero afirma: "Estes são os Dez Mandamentos tratados de quatro modos: como livrinho de doutrina, como livrinho de canto, como livrinho de confissão e como livrinho de oração. Com eles um coração deveria encontrar-se a si mesmo e aquecer-se para a oração". Como o exercício teológico envolve a oração e a meditação, a tentação é a grande escola da vida por nela aprendemos nossa teologia. Talvez ela nos ajude a redescobrir sempre de novo qual é a nossa teologia. Isso nos ajuda a identificar tanto a oração como a meditação em nossas vidas.

Você pode assistir à aula através dos endereços:

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Veja o link da apresentação:

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