A ULBRA Gravataí e o Jornal Esporte Saúde realizaram na última segunda-feira (31.03), no auditório do campus, o 1° Debate A Cidade e a Bicicleta. A iniciativa reuniu atletas, especialistas em trânsito e ciclistas para conversar sobre as questões de mobilidade e o uso da bicicleta como meio de transporte e de lazer.

O evento teve início com o depoimento do cicloturista Paulo Bittencurt, que participou este ano do 3º Fórum Mundial da Bicicleta, em Curitiba. Durante quatro dias, ativistas, urbanistas, educadores e artistas participaram de oficinas, painéis, mesas-redondas, sessões de cinema e passeios ciclísticos sobre o tema ‘A Cidade em Equilíbrio’. “Pelos relatos que eu ouvi no Fórum, percebi que existe um preconceito em relação ao ciclista no Brasil: a bicicleta é transporte de pobre. Mas estamos batalhando para ganhar nosso espaço. A bicicleta deve ter o mesmo valor de um veículo”, declarou. Gaúcho de São Gabriel, Bittencurt retornou de Curitiba de bicicleta. Em maio de 2013, pedalou por todo o litoral gaúcho, de Torres ao Chuí, em 10 dias.

Ciclista há pouco mais de dois anos, a palestrante Clara Maria preferiu deixar de lado as dificuldades enfrentadas por quem escolhe a bicicleta como lazer e meio de transporte para falar sobre os pontos positivos de se pedalar. “É uma atividade que me deixa muito feliz porque através dela conheço novas pessoas e lugares, além de melhorar a minha saúde. Eu sempre volto renovada depois de passear de bicicleta”, explicou.

Terceiro palestrante da noite, o sargento do 17º Batalhão da Polícia Militar, João Cabral dos Santos, apontou a conscientização como fator de mudança para resolver os conflitos no trânsito. “Tudo parte da educação e da mudança de atitude. Não adianta investir em ciclovias se nós, cidadãos, não estivermos preparados para dividir espaço com as bicicletas”, destacou.

Para o secretário de Mobilidade Urbana de Gravataí, Adão de Castro Júnior, o crescente número de veículos nas ruas causará um esgotamento no trânsito do município. “Gravataí possui 130.746 veículos e a cada dia são realizados 19,63 novos emplacamentos. Com esses dados, é possível projetar para 2020 uma frota de 237 mil veículos na cidade”, analisou. Para o secretário, a solução é mudar a forma de deslocamento nos centros urbanos. “Em 2015, deverá ser implantado o Plano de Mobilidade Urbana com faixas exclusivas para os ônibus e uma ciclovia na Avenida Dorival Cândido de Oliveira, da parada 59 até o Parque dos Anjos”, adiantou.

Professor de História e ativista do grupo Aponte Coletivo, de Cachoeirinha, Rafael Moehlecke baseou sua intervenção na ‘ditadura do carro’. “Que tipo de cidade nós queremos construir? A cidade deve ser pensada para as pessoas e não para os veículos. No carro não existe socialização, é um motorista em cada veículo, escutando o seu rádio. Já a bicicleta é um agente transformador. As pessoas interagem umas com as outras”, concluiu.

De acordo com a organização do evento, novas rodadas de debate estão previstas ao longo de 2014. O 1º Debate A Cidade e a Bicicleta contou com a presença da coordenadora de Extensão da ULBRA, Maria Janine Dalpiaz, do prefeito do campus, João Carlos Jesus, dos vereadores Alan Vieira e Maribel Wagner e do secretário de Esporte e Lazer, Luciano Oliveira, além de professores, alunos e integrantes de grupos de ciclistas de Porto Alegre.

Foto 1: Cicloturista Paulo Bittencurt

Foto 2: Ciclista Clara Maria

Foto 3: Secretário de Mobilidade Urbana Adão de Castro Junior

Foto 4: Integrante do movimento Aponte Coletivo Rafael Moehlecke