Alunos do projeto Biomatter que deram seus depoimentos sobre a experiência no Congresso Foto: Leonardo Magnus/Ulbra

A nanotecnologia tem sido cada vez mais utilizada em processos industriais. Essa modernização se deve, especialmente, às maiores possibilidades e capacidades de materiais com escala atômica e molecular. Atenta a essas atualizações no segmento, a Ulbra, por meio do Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação de Biomaterais, enviou seus alunos de Engenharia para participarem do III Congresso Internacional de Nanotecnologia, que ocorreu no campus da Feevale, nos dias 9 e 10 deste mês.

Por se tratar de um evento internacional, os trabalhos foram apresentados em inglês, trazendo um nível a mais de dificuldade para os participantes, que tiveram que se preparar com bastante antecedência. O acadêmico de Engenharia Elétrica, Lucas Melo, que esteve em seu primeiro congresso, falou sobre a importância da oportunidade e das possibilidades de contatos com outros profissionais. "Foi uma experiência diferente, principalmente por estar no meio de tantos colegas de curso e outros pesquisadores. Pude contatar e tirar dúvidas com uma das professoras que palestrou sobre o mesmo tema que o meu, agregou informações que me ajudaram muito", salientou.

Cláudio Lisboa, acadêmico de Engenharia Química, nascido na Angola, e que está há 4 anos no Brasil, falou sobre a chance de mostrar à comunidade científica outras aplicações de produtos com grande potencial. Um explosivo desenvolvido para fins militares, por exemplo, teve sua função modificada pelo laboratório, podendo ajudar na área médica, em casos como o tratamento de doenças arteriais coronarianas. Segundo Cláudio, "isso pode substituir a nitroglicerina, que é o medicamento utilizado atualmente e que tem muitos efeitos colaterais".

No entanto, não basta apenas criar bons produtos. A discente de Engenharia de Produção, Huysla Santos, ficou encarregada de prospectar o mercado que as inovações da Biomatter podem ter. Para ela, "um produto não basta ser inovador, ele precisa ser aceito pelo mercado". Na sua pesquisa científica, ela avaliou como os clientes aceitariam os produtos, os diferenciais e como seriam vistos.

Produtos que mudam a sociedade

Professor responsável pelo Biomatter, o doutor engenheiro Luciano Pighinelli foi direto quando perguntado sobre o principal objetivo do projeto. Segundo ele, "o laboratório visa promover a formação de novos pesquisadores que resolvam problemas reais da sociedade brasileira". Com 32 alunos desenvolvendo suas pesquisas de iniciação científica, os resultados têm sido positivos. Sediado no prédio 19, o projeto possui trabalhos que se destacam por tratarem de problemas complexos, como o tratamento para regeneração de tecidos, tanto ósseos como musculares, materiais aplicados como curativos, tratamento de água, entre outros.

O aluno do 6º semestre de Engenharia Química, Daniel Martins, falou sobre a possibilidade que o Biomatter traz ao trabalharem em conjunto diversas áreas de conhecimento. "É importante nós integrarmos a química, a produção, a biologia e todos tipos de engenharia no desenvolvimento de produtos". Seu colega Cláudio complementou destacando a relevância de receberem um olhar de outros colegas da área. "O congresso possibilitou que fôssemos avaliados por graduandos de outras universidades, além de podermos ver o que está sendo feito fora do nosso contexto", completou, revelando que instituições como PUCRS, UFRGS, UFSM e UFRJ também estiveram presentes e contribuíram com suas pesquisas.

Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS