Você já parou para pensar em quantas brincadeiras são acessíveis para crianças com dificuldades motoras? Dos carrinhos e bonecas até os jogos de rua, a diversão ainda pode ter barreiras para pessoas com deficiência ou neurodivergentes. Foi esse desafio que inspirou José Roberto Aguiar a inovar na inclusão. O técnico em informática da Ulbra adaptou um carrinho de controle remoto para ser controlado pelos movimentos da mão.

Toda essa dedicação é fruto de uma longa história com a tecnologia. Desde criança, José tinha curiosidade em entender como funcionam os equipamentos eletrônicos e como potencializar a utilização deles. Hoje em dia, o interesse se tornou foco de estudos, uma vez que cursa Educação Física na Ulbra Canoas. "Eu sempre gostei de tecnologia, mas o que me atrai é usá-la para inclusão, para melhorar a vida de pessoas com deficiência. O desafio é casar a Educação Física com a tecnologia. Minha metodologia é usar o que interessa aos alunos, como videogames e desafios, para torná-los mais engajados", explica José.

Basta colocar o relógio no pulso e ligar o carrinho para a brincadeira estar completa para todos. O sistema é simples: o relógio substitui tanto os controles quanto a antena que emite o sinal e transmite os comandos diretamente ao brinquedo, que foi testado e aprovado por estudantes com paralisia cerebral que participaram do Ulbra Xperience, evento realizado na Ulbra Canoas em novembro de 2024. "Quando vi a tecnologia funcionando com quem mais precisa, pensei: 'Estou no caminho certo'. Isso me deu mais ânimo para continuar", reflete o criador do mecanismo.

A importância da acessibilidade

Quando se fala em acessibilidade, o que está em questão não é solidariedade, mas sim um direito e uma questão de inclusão para todos. Os recursos que estimulam a acessibilidade beneficiam não apenas as pessoas com deficiência, mas também idosos, gestantes, crianças, pessoas com carrinhos de bebê e temporariamente feridas. Quanto às brincadeiras, se torna uma questão de humanização. Apesar de estar assegurada em lei, a acessibilidade ainda se restringe à adaptação de espaços físicos, enquanto demais questões seguem necessitando de iniciativas de terceiros, como a de José.

O trabalho de José revela como a tecnologia pode ser uma grande aliada das pessoas com deficiência, de acordo com a coordenadora do Núcleo de Acessibilidade da Ulbra Canoas, Gisele Becker. "Este projeto demonstra o enorme potencial de inovação quando inclusão e tecnologia se unem. O caso do carrinho facilita a mobilidade, mas também mostra como a acessibilidade pode ser incorporada de maneira prática e engenhosa", reflete Gisele.

Ainda segundo Gisele, o uso do relógio permite expandir ainda mais a tecnologia e proporcionar novos usos para a melhoria da acessibilidade. "O uso do relógio como interface reflete uma solução intuitiva, moderna e que pode ser adaptada a diversas aplicações, o que beneficia a todos", explica. É justamente este o objetivo de José, que explica que a adaptação é apenas um primeiro passo e pode evoluir para soluções ainda mais próximas e conectadas com o público, como um aplicativo que pode ser instalado pelo próprio usuário diretamente em seu smartwatch, por exemplo. "Essa parte da brincadeira, no fim, está se tornando uma brincadeira mais séria que está dando resultado mais úteis", conclui José.

Marcelo Monteiro
Assessoria de Comunicação Ulbra