INOVAÇÃO
Acadêmicos da Medicina desenvolvem projeto de acessibilidade em Libras
Iniciativa identificou os desafios na inclusão de pessoas surdas no SUS
Para formar profissionais capazes de identificar desafios e propor novos caminhos no atendimento à população no Sistema Único de Saúde (SUS), acadêmicos da Ulbra Medicina Palmas desenvolveram, ao longo do semestre, um projeto voltado ao fortalecimento da acessibilidade em Libras nas unidades de saúde de Palmas.
A ideia nasceu da vivência da acadêmica Juliana Germano, idealizadora da pesquisa e integrante do grupo responsável pelo estudo. Deficiente auditiva desde a infância, ela explica que o trabalho surgiu do desejo de transformar uma realidade que conhece de perto. "A ideia surgiu por eu conhecer as necessidades da população surda, por também ser deficiente auditiva. Eu uso aparelho e consigo escutar, por isso não aprendi Libras, mas sempre convivi com limitações. Quisemos buscar melhorias para quem enfrenta essas dificuldades", relata.
Ao analisar os resultados, Juliana conta que, embora já tivesse consciência dos desafios, não imaginava que os dados seriam tão preocupantes. "Nosso projeto mostrou que 100% das pessoas surdas entrevistadas relataram já ter saído de uma unidade de saúde sem compreender o que foi dito. Isso é muito sério, porque ameaça a segurança do paciente. Também relataram a ausência de materiais bilíngues e de protocolos inclusivos. Esses relatos são muito fortes", afirma.
Inclusão como política pública
A professora da disciplina Políticas Públicas e Gestão em Saúde, Tássia Borges, reforça a importância de projetos que aproximam os acadêmicos das demandas reais da população. "O objetivo da disciplina é que os acadêmicos conheçam as políticas públicas e pensem em projetos que podem desenvolver. Esse grupo escolheu um tema que não vemos comumente: a acessibilidade para pessoas surdas. Eles investigaram as dificuldades enfrentadas tanto pelos pacientes quanto pelos profissionais e observaram o quanto isso interfere no tratamento", explica.
A docente destaca ainda que o impacto do estudo ultrapassa o âmbito local: "O projeto ganha dimensão nacional, já que o Ministério da Educação estabelece como obrigatória a disciplina de Libras na formação em saúde, justamente para promover inclusão. A pesquisa reforça a necessidade de que profissionais formados em outras instituições também tenham acesso a esse conteúdo", completa.
Privacidade, autonomia e segurança em risco
Outro integrante do grupo, Camilerio Neto, destaca que a falta de protocolos específicos e de profissionais capacitados compromete etapas fundamentais da consulta médica. "Percebemos um déficit muito grande de protocolos e investimentos para esse tipo de atendimento. Muitos pacientes surdos não entram sozinhos na consulta, sempre vão com acompanhante, e acabam perdendo a privacidade. O médico consulta pelo que o acompanhante relata, e o paciente sai sem entender a medicação ou o tratamento", afirma.
Para o acadêmico, a criação de fluxos inclusivos e a presença de profissionais habilitados em Libras poderiam transformar a experiência nas unidades básicas de saúde. "Seria muito interessante ter protocolos e profissionais especializados. Isso traria mais segurança tanto para o médico quanto para o paciente", conclui.
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