Os alunos pesquisadores e a professora Magda Furlanetto Foto: André Bresolin/ ACS ULBRA

Os Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) de três acadêmicos da ULBRA Canoas foram reunidos em um único artigo que será apresentado no congresso internacional mais importante da área da uroginecologia. Os estudantes de Medicina, William Cruz e Danielle Figueiró, e de Fisioterapia, Jéssica Cunha, foram orientados pelas professoras do Curso de Medicina, Magda Furlanetto e Rosilene Reis, e seus trabalhos, que foram realizados em conjunto, foram reunidos para que a egressa do Curso de Fisioterapia o apresente no congresso da International Urogynecological Association (IUGA), que será realizado em Nice (França), de 09 a 13 de junho.

O trabalho foi selecionado pelo fator do ineditismo da pesquisa dos três estudantes, que analisou 106 mulheres em um período de até 48 horas depois do parto, no Hospital Universitário, no campus da ULBRA Canoas. "Não existe na literatura médica nenhum trabalho que tenha avaliado neste curto período de 48 horas o assoalho pélvico de mulheres com e sem episiotomia (incisão realizada na musculatura do períneo para permitir a passagem do feto). É um trabalho inédito que trouxe contribuições importantes para a área uroginecológica, visto que foi selecionado para a apresentação oral no IUGA", disse a coordenadora de Atividades do Curso de Medicina da Instituição e orientadora do TCC, Magda Furlanetto.

A importância da pesquisa está também relacionada ao fato de que atualmente até 60% das mulheres perdem urina quando chegam no período da menopausa, e os grandes fatores geradores deste quadro são a gestação e o parto, principalmente quando as episiotomias são mal realizadas e/ou indicadas. A Organização Mundial de Saúde preconiza que em torno de 20% dos partos normais deva ser utilizada a episiotomia. Porém, no Brasil, ainda é um procedimento efetuado rotineiramente em mulheres que têm parto vaginal, chegando a alcançar percentuais de 90% na década passada.
 
Resumo dos TCCs
Intitulado Avaliação da Funcionalidade da Musculatura do Assoalho Pélvico e Efeitos da Episiotomia no Pós-Parto Imediato a partir de Eletromiografia de Superfície, o trabalho integrará o congresso com um banner e a apresentação oral da egressa de Fisioterapia Jéssica Cunha. O objetivo do trabalho foi a avaliação funcional da musculatura do assoalho pélvico no pós-parto imediato em primíparas (mulheres na primeira gestação) e multíparas (mulheres com mais de duas gestações), com e sem episiotomia, e a análise das variáveis envolvendo a episiotomia como comprimento e ângulo da incisão.

Nesta pesquisa, a prevalência de episiotomia foi de 32,1%, o comprimento da incisão teve média de 3,4 centímetros e o ângulo, em média, 69,47º nas 106 puérperas, sendo 49 primigestas (46,2%) e 57 multíparas (53,7%). Além disso, o aumento do peso materno e do peso do recém-nascido mostraram uma tendência a serem fatores de risco para incontinência urinária de esforço e prolapso vaginal em mulheres com mais de dois filhos.

Quanto ao uso de musculatura associada durante a contração dos músculos do períneo, 82,4% das pacientes apresentaram uso concomitante da musculatura abdominal, além de 34,3% e 25,6% uso de adutores e glúteos. A pesquisa conclui que mulheres multíparas no pós-parto imediato, comparadas às primigestas, apresentaram-se mais suscetíveis aos fatores de risco para o aparecimento de intercorrências futuras, como a incontinência urinária e os prolapsos genitais e que os parâmetros eletromiográficos já demonstram alterações, mesmo que ainda não significativas, desde a primeira gestação/parto.