Geison Lisboa, repórter da Rádio Guaíba FM e egresso do curso de Jornalismo Foto: Arquivo pessoal

"Professora da Ulbra encontra fórmula da juventude", diz a manchete de uma notícia falsa publicada no website da Agência Experimental de Comunicação Integrada (Agex), em 28 de março, e desmentida 72 horas depois, na página do laboratório no Facebook. A postagem é parte de uma campanha desenvolvida por professores e alunos da Universidade Luterana do Brasil com o intuito de alertar sobre o perigo da divulgação de boatos na internet. Conforme estudo publicado pelo Instituto de Tecnologia de Massachucets (MIT), nos Estados Unidos, as chamadas fake news têm 70% mais chances de viralizar na web e atingir o grande público do que as notícias verdadeiras.

Para o coordenador do curso de Jornalismo, Deivison Campos, a proliferação da desinformação só pode ser combatida através de um trabalho sério e comprometido com a verdade. "Em uma sociedade em constante midiatização, o papel do jornalista é central. As pessoas vêm se dando conta disso, tanto que buscam reproduzir conteúdos com credibilidade, não tanto pelas marcas, mas pela confiança que depositam nos profissionais responsáveis por aquelas informações", explica o professor, ao refletir sobre o assunto e sua relação com o Dia do Jornalista, comemorado em todo o território nacional neste sábado, 7 de abril.

A data, instituída em 1931 pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), é uma homenagem ao médico e jornalista Giovanni Battista Líbero Badaró, morto por inimigos políticos em 1830 por defender ideais contrários ao do imperador D. Pedro I em seu jornal, o Observatório Constitucional, alvo constante da censura imperial.

Hoje, o veto à liberdade de imprensa é algo mais distante da realidade do mundo conectado do século XXI e a mídia tradicional é mais relevante e influente do que outrora. "Os veículos de comunicação seguem sendo o carro-chefe do jornalismo moderno. Mesmo assim, é importante que os profissionais da área, principalmente os que estão chegando ao mercado, fiquem de olho nas novas plataformas digitais, até como uma maneira de coibir as fake news", avalia Geison Lisboa, repórter da Rádio Guaíba FM, de Porto Alegre, e graduado em Jornalismo pela Universidade Luterana do Brasil, sua segunda casa por quase 10 anos. "A Ulbra me deu a base e uma prática extraordinária. Foi na faculdade que pude falar pela primeira vez em um microfone", comenta o radialista.

Novo currículo reflete transformações do mercado

Com um novo currículo sendo gradualmente implantado, o curso de Jornalismo quer refletir as transformações pela qual a profissão vem passando nas últimas duas décadas. De acordo com Campos, o perfil do graduado pela Ulbra não é apenas multimídia, mas dotado de visão empreendedora. "As redações passam por um processo de enxugamento, com demissões em massa e, por outro lado, crescem as assessorias, agências de produção de conteúdo e de imagens. Nesse contexto, é fundamental que os novos bacharéis saibam montar seus próprios negócios na indústria criativa", ressalta o educador.

Para ele, a função social do jornalista permanece intocada, apesar das tentativas de se demonstrar o contrário. "Mesmo com o fim da Lei de Imprensa e da obrigatoriedade do diploma, as empresas só contratam profissionais com esse tipo de formação", complementa Campos, que tem no seu ex-aluno um exemplo dessa realidade. 

Com uma Copa do Mundo e dezenas de transmissões no currículo, Lisboa foi contratado para atuar em uma emissora comercial em 2007, após ser descoberto por um locutor esportivo da Bandeirantes que acompanhava sua cobertura de uma partida do Campeonato Gaúcho de Futebol, realizada no Complexo Esportivo do campus Canoas, e divulgada na rádio web da Universidade. "Pratiquem muito, usem e abusem da infraestrutura acadêmica. É fazendo que se aprende", recomenda Geison aos futuros colegas que entram na graduação.

Marcus Perez
Jornalista Mtb 17.602