Exposição pode ser visitada até novembro no Memorial do Rio Grande do Sul Foto: Aldrin Bottega/Ulbra

Nesta terça-feira, 9, o Curso Superior de Tecnologia de Design de Moda realizou a abertura da sua exposição fotográfica, croquis de moda e figurinos inspirados na cultura africana. Intitulada Essências Africanas, a mostra ocorre no Memorial do Rio Grande do Sul, na Sala do Tesouro, que fica no 2º andar, no Centro de Porto Alegre. A exposição pode ser visitada até o dia 11 de novembro.

Com materiais produzidos por turmas do curso, as imagens, os croquis e os figurinos foram criados a partir de referências de lugares na África e de aspectos culturais da cultura afro-brasileira. Também foram criadas peças em forma de protesto à extinção de diversos animais e tribos africanas. De acordo com a organizadora da exposição e coordenadora de atividades do curso, Letícia Schiehll, o curso já tem uma linha de pensamento aberta às diversidades em seus trabalhos. "Começamos em 2015 com o desfile Consideramos Justa Toda Forma de Amor, onde tentamos trazer um número significativo de representatividade", lembrou ela.

Essa representatividade também se deu por meio da participação ativa da aluna Suelci Silva, que é de origem africana e ajudou diretamente na modelagem e costura das peças. Ela destacou a importância de negros terem mais espaço na área. "Achamos muito conveniente pela situação de invisibilidade que o negro vive no Brasil. Precisamos ser mais representados", disse ela, reivindicando mais protagonismo da população negra.

Débora Mutter, assessora de projetos sociais e idealizadora que cedeu o espaço do Memorial, ressaltou a tradição que o local tem no trabalho com a temática étnica. Ela relembrou que "há pelo menos 10 anos o espaço recebe eventos relacionados às africanidades, trazendo eventos simultâneos com debates e exposições". Ela também disse que "a intenção da ação, neste ano, é ampliar o debate com a inclusão da moda, que é uma forma de identidade".

Inspiração da temática veio da Bienal do Mercosul

Tendo sido realizada 11 vezes em Porto Alegre, a Bienal do Mercosul trouxe em sua última edição o título O Triângulo do Atlântico, que serviu de base para a escolha do tema da exposição que ocorre no Memorial do Rio Grande do Sul. Sob curadoria de Alfons Hug, o evento reuniu cerca de 70 artistas e coletivos de artistas, entre os dias 6 de abril e 3 de junho.

Na ocasião, foi lançado um olhar sobre a interligação entre a América, a África e a Europa, com destaque para a arte africana e afro-brasileira, além da ênfase para o deslocamento de grandes grupos populacionais negros, que acabou por criar um processo de crioulização. Essa mobilidade gerou uma transição de religiões, idiomas, tecnologias, artes e culturas para esses continentes.

Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS