Juliana Silveira (direita) e Andrea Mascitti realizam pesquisa com equipe multidisciplinar Foto: Leonardo Magnus/Ulbra

A Salmonella é uma bactéria comumente transmitida durante a ingestão de alimentos ou água contaminados. Com sintomas que podem variar de diarreia e vômitos até o óbito de pessoas com imunidade baixa, os surtos de salmonelose preocupam as agências reguladoras, como a Anvisa (Brasil) e o FDA (Estados Unidos).

Pensando nisso, a mestranda do Programa de Pós-graduação em Biologia Molecular Aplicada à Saúde (PPGBioSaúde), Andrea Mascitti, deu início a um projeto de pesquisa que visa identificar e localizar os pontos que registram surtos da doença. A acadêmica de Ciências Biológicas, Juliana Silveira, foi uma das envolvidas no estudo e apresentou o trabalho na Feira de Iniciação Científica da Universidade Feevale, que ocorreu entre os dias 21 e 26 de outubro.

Na última semana, Juliana recebeu o reconhecimento pelo trabalho apresentado, por meio de uma menção honrosa do evento. O estudo foi considerado o melhor da área de Veterinária, sendo o único de uma instituição externa a obter o resultado, levando em conta todas as 51 categorias da feira. "Eu já tinha feito apresentações internas, na Expoulbra e no Colóquio, mas não tinha ainda em evento externo. Então, para mim, foi muito gratificante receber esse reconhecimento de fora", contou a graduanda.

A integração entre diferentes níveis de conhecimento

Para chegar ao resultado do projeto de pesquisa, o PPGBioSaúde contou com uma equipe multidisciplinar que foi composta pelos acadêmicos Juliana Silveira da Silva, Andrea Karoline Mascitti, Diéssy Kipper, Rafael Oliveira dos Reis, Nilo Ikuta, além do professor orientador Vagner Ricardo Lunge. O docente destacou a importância de mesclar estudantes de diversas áreas e de níveis de formação diferentes. "Temos alunos originários dos cursos de Medicina, Biomedicina, Veterinária, Agronomia e até mesmo Engenharia de Produção. Portanto, a pós-graduação é uma boa oportunidade de integrarmos todos esses conhecimentos que são fundamentais nos estudos que temos realizado", apontou.

Para Lunge, viver a iniciação científica estimula os estudantes a continuarem no meio acadêmico, fazendo mestrado e doutorado na Instituição. "Essa formação começa na graduação e, tendo o interesse científico, nós sempre incentivamos que esse aluno faça a iniciação científica", reforçou o professor. Juliana corroborou o pensamento do seu orientador e deu ênfase à experiência vivida em dois anos de iniciação científica. "Me sinto muito mais em contato com a ciência. Uma coisa é ter aulas na graduação, outra é ter o real contato com o laboratório, o real contato com o meio de pesquisa", observou a aluna, que se forma no ano que vem.

A relevância do trabalho desenvolvido pelos acadêmicos

Ao contextualizar a ideia do projeto de pesquisa, a mestranda Andrea Mascitti frisou a complexidade dos processos e a importância do trabalho retrospectivo das análises nos alimentos contaminados pela Salmonella. "Em países mais desenvolvidos, essas análises ajudam a identificar a procedência do alimento que possui a bactéria e, dessa forma, reduz o raio de infecções", explicou.

Para chegar ao resultado obtido, o PPGBioSaúde precisou confirmar o sorotipo contido nas amostras que seriam analisadas e, posteriormente, enviar para a Food and Drug Administration (FDA), agência federal de regulação de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, que é equivalente à Anvisa. "Eles fizeram o sequenciamento dessas amostras e nos retornaram as pastas com os resultados. Após isso, nós utilizamos bioinformática para analisar retrospectivamente", contou Andrea.

Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS