Jéssica é militar desde 2014 Foto: Arquivo pessoal

Se tornar Militar do Exército Brasileiro e uma profissional de Educação Física. Esses eram os dois maiores sonhos de Jéssica Alves do Amaral, de 31 anos. Ambos começaram a ser trilhados juntos, em 2014, quando a jovem iniciou a preparação para o concurso da Escola de Sargentos das Armas (ESA) e, paralemente, ingressou na graduação da Ulbra. O primeiro deles, Jéssica viu começar a concretizar ainda no mesmo ano, quando prestou concurso para o Exército Brasileiro e foi aprovada em décimo primeiro lugar, dentre cerca de 49 mil candidatos. 

O segundo, acabou de ser celebrado, no dia 4 de maio: a colação de grau no bacharelado em Educação Física na Ulbra. Narrando assim, parece que foi fácil, mas a jornada foi marcada por muito foco e dedicação. "No início, precisei abdicar de sair e de estar com a família e amigos, pois estudar era uma prioridade", recordar ela, que hoje, além de professora de Educação Física, atua no 1º Pelotão de Especial de Fronteira Real Forte Príncipe da Beira, que faz a proteção da fronteira do Brasil com a Bolívia. 

Única mulher da família com curso superior e militar concursada do Exército, ela conta que foi motiva a ingressar na carreira militar pela hierarquia e disciplina. "São princípios constitucionais que solidificam a base das organizações militares, condensando valores como o respeito, a dignidade da pessoa humana, o patriotismo, o civismo, o profissionalismo, a lealdade, a constância, a verdade, a honra, a honestidade e a coragem", contou. 

Desafios no caminho

Já no Exército, na Escola de Sargento das Armas (ESA Saúde), no Rio de Janeiro, durante dois anos e meio Jéssica passou por uma capacitação, com o objetivo de qualificar os alunos para um eficaz desempenho nos cargos e funções destinados aos Sargentos. Na época, a então universitária precisou trancar a faculdade. "Era impossível seguir a distância por conta da demanda da formação de Sargentos, como missões, estudos, provas e escala de serviço", recorda. 

Após se formar no curso, em novembro de 2016, a acadêmica retornou para casa, em Porto Alegre, como 3° Sargento Jéssica Amaral. Em março de 2017, ela foi novamente para o Rio de Janeiro, para a realização do Curso Básico Pára-quedista, que é destinado a Oficiais, Subtenentes e Sargentos do Exército Brasileiro, da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira e de Nações Amigas. A formação teve duração de seis semanas, onde o condicionamento físico e a mente são altamente exigidos, no intuito de formar os melhores militares para o cumprimento das missões. Assim, a aluna se formou a paraquedista número 89.279 do Exército Brasileiro.

Jéssica retomou os estudos na Ulbra no segundo semestre de 2017 e, nesta época, estava servindo em POA, na 1ª Companhia de Guardas. Em 2020, a militar foi transferida para o 3° Batalhão de Polícia do Exército, bem como se formou no Curso de Saúde Operacional (CSOp), que visa preparar o militar para prestar apoio de saúde em ambiente de tático. Para não se distanciar da graduação, Jéssica optou por dar continuidade em seus estudos a distância. "Com a ajuda dos professores e colegas, em especial a minha orientadora, professora Ana Pujol, que fazia meet comigo até aos sábados, consegui terminar o semestre com excelência", conta. 

Em outubro de 2020, Jéssica retornou ao RJ para finalizar o CSOp, que havia sido trancado devido à pandemia de COVID-19. A acadêmica, neste período, estava trabalhando em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), cujo tema foi Desempenho físico de homens e mulheres do 3° Batalhão de Polícia do Exército antes e durante a pandemia. A pesquisa lhe rendeu uma nota 10. Ela conta que só conseguia dar continuidade na faculdade aos finais de semana, retomando as aulas perdidas e entregando as tarefas.

Em novembro, após concluir o curso em primeiro lugar e se tornar a CSOp 104, Jéssica retornou para Porto Alegre e soube que havia sido transferida para o Comando de Fronteira Rondônia/6º Batalhão de Infantaria de Selva. Em fevereiro de 2021, novamente ela precisou se despedir de Porto Alegre, da faculdade, da família e dos amigos, rumo ao estado de Rondônia. Atualmente, a militar atua no 1º Pelotão de Especial de Fronteira, onde colou grau de forma remota no dia 4. "Agradeço à família, amigos, ao Exército Brasileiro e à Ulbra por me permitirem chegar onde estou", completou.  

Gabriela Thurow
Estudante de Jornalismo da Ulbra Canoas