Paulo ingressou na Ulbra em 2017 Foto: Arquivo pessoal

Olhando para Paulo Roberto da Cunha, de 36 anos, ninguém imagina que sua história de vida foi marcada por desafios. Formado em Administração na Ulbra no dia 31 de julho, o morador de Sapucaia do Sul foi constatado com paralisia cerebral depois do primeiro ano de vida. O distúrbio afeta a fala e a locomoção. Com a notícia do diagnóstico, a família também recebeu uma sentença: Paulo viveria somente até cerca de 7 anos de idade. 

Inconformada com a previsão, a família do menino procurou diversos especialistas que pudessem traçar um outro destino ou dar uma qualidade de vida melhor ao filho. Cunha conta que os pais buscaram todos os recursos possíveis e lembra emocionado da fala de sua mãe: "ela dizia que, se dependesse dela, eu viveria muito mais que 7 anos. E cheguei aos 7 anos firme e forte, graças a eles", ressalta o estudante. 

Indo contra o veredicto médico, ele já conseguia andar sozinho, já tinha a fala desenvolvida e, apesar da mobilidade dificultosa do braço, o movimentava. Ainda na infância, iniciou uma atividade que, além de lhe ajudar na recuperação, tornou-se hobby: a natação. "Dos 7 anos aos 16 eu fiz natação, e é um dos esportes que mais admiro, pois foi a partir dele que eu decolei", afirma ele falando do quanto isso lhe possibilitou uma melhora em sua saúde. 

Momentos marcantes

Aos 19 anos, ao buscar seu primeiro emprego, foi destratado com frases preconceituosas e discriminatórias pelo funcionário da empresa a qual queria se candidatar. Teve seu currículo rasgado. Voltou para casa triste com o acontecimento, porém não se deixou abater com o prejulgamento. Tanto que, logo em seguida, conseguiu o que desejava, um emprego. E assim iniciou sua carreira profissional. Hoje, apesar das dificuldades passadas, Paulo possui um excelente cargo na instituição financeira onde trabalha.

Apesar disso, os desafios não pararam por aí. Na virada de ano de 2013-2014, Paulo sofreu um AVC isquêmico, ficando uma semana na UTI, sem conseguir falar ou se mover. Conta que se comunicava com a família pelo olhar. Foram duas semanas internado até recuperar sua mobilidade e fala. Após esse período, operou o seu braço para ganhar mais resistência e força, ficando quatro meses em recuperação.

Hoje, ele conta que vive uma vida normal, como a de qualquer outra pessoa. Casado e com uma filha de 12 anos, ele fala que foram suas inspirações nos momentos difíceis. "Meu porto seguro. Sempre me deram força", ressalta ele. Lembrando que muitas vezes estudaram juntos e que sempre o apoiaram. "Não teria conseguido sem elas", finaliza. 

Apoio da família

Dona Vera Lúcia, mãe de Paulo, emocionada, fala das dificuldades enfrentadas pelo filho, além do preconceito desde pequeno até adolescente. "Na escola tinha poucos amigos", diz ela. Porém, apesar disso, se mostra orgulhosa de quanto o filho foi forte e superou as barreiras. "Paulo sempre foi guerreiro, lutou muito para estar onde está agora", completa. Ao falar da formatura do filho, ela se diz a mãe mais feliz do mundo. "Ele é um rapaz muito inteligente", ressalta. Segundo dona Vera, a Ulbra foi muito importante no crescimento de Paulo. "Eu só tenho a agradecer", finaliza.

O agora formado iniciou sua vida universitária em 2017. Escolheu a Administração por já ter tido contato com serviços administrativos na primeira empresa em que trabalhou. Sobre a Instituição é só elogios. "Eu escolhi a Ulbra pela história da Universidade, por saber da trajetória de sucesso, e, hoje, mais do que nunca, tenho a certeza de que fiz a melhor escolha", frisa Paulo. Segundo ele, sempre teve ajuda dos colegas e professores. "A Ulbra me proporcionou o que muitos desacreditavam", fala ele se referindo ao diploma.  

Naira Nunes
Estagiária de Jornalismo Ulbra Canoas