Auditório virou uma grande passarela para o desfile Foto: Leonardo Magnus/Ulbra

O auditório 220 do prédio 1, tradicionalmente usado para palestras e formaturas, virou a passarela por onde modelos desfilaram com roupas produzidas por alunas do curso Superior de Tecnologia em Design de Moda da Ulbra. O Fashion Day, que acontece todos os semestres e oportuniza que formandas exponham trabalhos autorais, mais uma vez trouxe um evento repleto de looks ousados e preocupados com a sustentabilidade.

Para a avaliação dos trabalhos, a coordenação do curso convidou a designer de moda Carina Brendler. Há dois anos e meio no mercado de roupas ecológicas, a profissional possui um ateliê que cria roupas de festas a partir de retalhos. Antes do desfile, a estilista falou sobre os desafios para quem está se formando na área. "Na universidade, temos a oportunidade de criar peças menos comerciais, que nos agradem por completo. No entanto, o mercado exige que coloquemos nosso estilo nelas e, ao mesmo tempo, façamos algo que agrade o cliente, independentemente dos nossos gostos pessoais", adiantou.

Letícia Schiehll, coordenadora de projetos do curso e organizadora do Fashion Day, comemorou o sucesso do evento e destacou o empenho de toda a produção das disciplinas, que, em conjunto, conseguiram criar peças sem impactos ao meio ambiente e ainda puderam homenagear os 40 anos do curso de Arquitetura e Urbanismo. "Foi uma junção bem bacana para esta edição. A moda já tem por hábito se inspirar em história, arte e arquitetura. Então, pensando no aniversário do curso de Arquitetura e Urbanismo, nós decidimos por esses trabalhos baseados em estruturas arquitetônicas", contou a professora.

Ao todo, 43 roupas passaram pelo palco do auditório. Foram 35 produções baseadas em estruturas arquitetônicas e oito peças da coleção de duas formandas do curso, as acadêmicas Letícia Amorim e Vania Neves.

Formandas apresentaram peças com diferentes conceitos

O último desfile de Letícia Amorim e Vania Neves, formandas do curso Superior de Tecnologia em Design de Moda, foi a oportunidade de colocar à prova tudo aquilo que aprenderam durante os anos na graduação e, mais do que isso, a chance de dar uma identidade inteiramente própria aos looks criados. Letícia apostou em modelos zero waste, conhecidos como "lixo zero", onde todos os resíduos produzidos são reaproveitados. "Foi um grande desafio. No setor de confecção, cerca de 10% do tecido vira resíduo e as minhas modelagens não geraram isso, pois foram adaptadas com amarrações e nós", explicou Amorim.

Já a sua colega Vania colocou na passarela modelos inspirados na obra Revolução dos Bichos, de George Orwell. A ideia, segundo ela, foi trazer alguns dos conceitos apresentados no livro. "É uma crítica aos regimes totalitários, então nessas peças eu falo sobre a opressão, manipulação e a exploração da força de trabalho", contou a jovem. Para a estilista, é incrível como o exemplar permanece atual, mesmo tendo sido escrito há mais de 70 anos.

Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS