Um livro que aborda um tema raro, significativo e que vem ganhando cada vez mais destaque. Assim pode ser descrita a obra Da adolescência à envelhecência: convivência entre as gerações na atualidade, de autoria da professora dos cursos de Educação nas Organizações e Pedagogia da ULBRA Canoas, Tânia Maria Scuro Mendes. Em seu trabalho, ela aborda o conceito de envelhecência, para dar um cunho diferenciado à questão.

Tânia resolveu escrever sobre o tema por absoluta necessidade de literatura na área, mas a iniciativa também foi fruto de suas pesquisas, como uma que foi realizada em 2011 e trata da resiliência na envelhecência. "O objetivo de meu trabalho é ressaltar a importância da convivência sadia entre diferentes gerações e que é possível viver bem a velhice. A sociedade precisa fazer a sua parte, pois não podemos mais cultivar a ideia de que pessoas acima de 50 ou 60 anos são idosos e não podem mais ter participação social", enfatizou a autora. 

Atualmente, o envelhecimento tem ocorrido de forma diferente das gerações anteriores e a tônica não está mais relacionada ao conceito de velho, idoso ou ancião. A cada censo demográfico realizado fica comprovado que a expectativa de vida da população tem aumentado. "Nos dias de hoje as pessoas são muito mais joviais, vivem por mais tempo, além de estarem bem mais instruídas, por terem maior acesso às informações, mesmo que muitas não possuam formação acadêmica", enfatizou a professora.

A população, que teve sua expectativa de vida aumentada, tem consumido em maior quantidade, no comparativo há épocas passadas. "Quanto mais essas pessoas estiverem inseridas nesse processo produtivo de consumo, mais se ampliam as possibilidades dessa sociedade, o que eu chamo de capital social", complementou Tânia. A docente entende que existe uma rede de compartilhamento quando pessoas, serviços, bens e informações contribuem para o desenvolvimento econômico, gerando, inclusive, empregos às populações de menor faixa etária.

Ritos de passagem e novos modos de adultez são assuntos presentes no trabalho literário da professora Tânia, que ainda aborda conteúdos importantes e pouco discutidos, como o bullying na envelhecência e a dependência manipulada. "No período de envelhecência existe um processo de dependência do envelhecente para situações corriqueiras da vida que muitas vezes acabam contribuindo para o surgimento da violência simbólica, que desgasta o relacionamento e pode até gerar formas de agressões mais elaboradas. Por sua condição, o agredido não consegue mais revidar, ficando na mesma situação da vitima de bullying escolar. O baixo poder aquisitivo pode contribuir para que o envelhecente se torne vítima de dependência manipulada", explicou Tânia.

Nos últimos dois anos a professora tem se dedicado a realizar, na ULBRA, trabalhos cuja linha de pesquisa trata do envelhecimento humano. "A maneira como uma sociedade envelhece acaba por influenciar a economia, a política e as relações entre as gerações. Muitas mudanças ocorrerão a partir das novas gerações de envelhecentes, principalmente pelo acesso que as pessoas têm às redes de informação", finalizou Tânia.