A estudante Aline dos Santos da Silva, da Universidade Federal de Rio Grande (Furg), enfrentou quatro horas de viagem para participar do 7º Seminário Brasileiro de Estudos Culturais e Educação (SBECE), evento que termina nesta quarta-feira, 14 de junho, após três dias de palestras e atividades, no campus Canoas da Ulbra. Acompanhada do marido, a mestranda de Educação Ambiental não se importou com o tempo de deslocamento e os valores desembolsados para garantir sua participação no encontro. "É um momento muito importante para mim, no qual eu tenho a oportunidade de trocar experiências e conhecer referenciais teóricos de pesquisadores de áreas muito diferentes, mas que, de maneira geral, dialogam entre si para a construção do conhecimento. Saio daqui enriquecida e com outra visão de mundo", afirmou a jovem de 28 anos que, por recomendação dos seus colegas, decidiu participar pela primeira vez do Seminário. Assim como ela, centenas de acadêmicos de diferentes Instituições de Ensino Superior apresentaram os resultados preliminares de suas pesquisas para bancas avaliadoras compostas especialmente para o evento.

Nesta terça-feira (13), enquanto uma série de trabalhos eram apresentados nas salas de aula da Unidade, os professores Luiz Felipe Zago, do Programa de Pós-graduação em Educação da Ulbra (PPGEDU), Ângela Couto Machado Fonseca, doutora em Filosofia do Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), e o renomado artista plástico catarinense, Walmor Corrêa, abriam a primeira conferência da manhã, no auditório principal do prédio 14 da Unidade. A palestra Corpos: Políticas do Ressentimento do Medo e da Raiva teve como tema as reverberações do preconceito, da xenofobia e dos conflitos culturais no processo de ensino e aprendizagem.

Durante palestra, etnógrafa reflete sobre protagonismo no processo educacional moderno

Após um breve intervalo, o assunto ganhou um desdobramento na atividade Interlocuções com a Antropologia, palestra ministrada pela antropóloga e professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Claudia Lee Willians Fonseca.

Radicada no Brasil, onde integra grupos de pesquisa sobre questões de gênero, de família e de etnografia social, a norte-americana natural de Boston compartilhou com o público um pouco das experiências que teve durante uma série de viagens de campo que realizou ao longo dos últimos 50 anos e que incluem passagens pela Micronésia, África Oriental e Vietnam. 

Na ocasião, Claudia reconheceu que, apesar dos avanços sociológicos da pós-modernidade, os recortes de gênero, de classe e de raça ainda influenciam muito no processo educacional e no trabalho de estudiosos e pesquisadores de todas as nacionalidades. "Acho que o processo de ressentimento gerado em certos encontros se deve ao fato de o indivíduo não consegue se despir dos elementos que o definem, como a cor da sua pele, sua escolaridade e situação socioeconômica. Ao falar com alguém de outra cultura, não posso deixar de lembrar que sou branca e professora universitária, pois é assim que serei vista pelos meus interlocutores", pontuou a docente em determinado momento de sua fala. "O fundamental é compreendermos quem somos e como estamos lidando com as diferenças, sem eufemismos e da forma mais humana possível", disse a palestrante próximo ao término da conferência.

 O 7º Seminário Brasileiro de Estudos Culturais e Educação (SBECE) e o 4º Seminário Internacional de Estudos Culturais e Educação (SIECE) são promovidos pelo Programa de Pós-graduação em Educação (PPGEDU) da Ulbra, em parceria com o Programa de Pós-graduação em Educação (PPGEDU) da Ufrgs. Mais informações sobre a iniciativa podem ser obtidas na página www.sbece.com.br.  

Marcus de Freitas Perez
Jornalista MTb 17.602