Vanessa Castro Alves, durante sua defesa de tese de doutorado, na PUC-RS Foto: Arquivo de Vanessa Castro Alves

O projeto de extensão Cine Diversidade, idealizado e executado pelo curso de Comunicação Social da Ulbra, tornou-se objeto de estudo em tese de doutorado defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da PUC-RS. Sob o título de Dimensões Emancipatórias da Práxis Cinematográfica Contra-hegemônica, a pesquisadora Vanessa Castro Alves produziu uma análise da prática cinematográfica na construção de uma sequência de ações educativas que contribuam para a superação do senso comum e formação de sujeitos políticos autônomos e críticos.

De acordo com Vanessa Castro Alves, o projeto tem como propósito "analisar o cinema, considerando suas dimensões contraditórias, uma vez que essa manifestação artística também se constitui enquanto produto da indústria cultural, portanto, é capaz de manipular consciências, legitimando a ideologia dominante, mas também de desocultar suas contradições, fornecendo recursos para a sua contestação".

Para a professora Gabriela Almeida, coordenadora do Cine Diversidade e também coordenadora adjunta dos cursos de Comunicação da Ulbra, "o fato de o Cine ter sido escolhido como estudo de caso de uma pesquisa de doutorado é uma legitimação externa muito importante, pois sinaliza um reconhecimento da seriedade e da relevância social do projeto na área de Direitos Humanos no Rio Grande do Sul". Além disso, a docente ainda destaca que o projeto aparece na pesquisa junto com outras iniciativas de inclusão através do cinema desenvolvido em Porto Alegre e região metropolitana.

Interesse pela cinematografia e a relação com o Cine Diversidade

O Cine Diversidade é um projeto de extensão desenvolvido no ano de 2015, pela coordenação de Comunicação Social da Ulbra, sob tutela das professoras Gabriela Almeida e Ana Acker. Ocorre todas as terças e quintas-feiras, dentro no Núcleo de Produção Audiovisual (NPA) da Universidade, e propõe-se a unir alunos das escolas públicas de Canoas num espaço de integração que possibilite a disseminação do conhecimento audiovisual e que possa despertar interesses e senso crítico desde os mais jovens.

Destacando a relevância do Cine Diversidade no cenário de inclusão cinematográfica popular, Gabriela destaca a permanência do projeto como forma de educação cultural. "Em seus quatro anos, o projeto já atendeu centenas de adolescentes de Canoas, não apenas oferecendo a formação técnica em audiovisual e documentário, mas especialmente falando de ética, cidadania e respeito à diferença", complementou.

Segundo Vanessa, a escolha desse projeto para integrar sua tese de doutorado veio através de indicação. "Fiquei sabendo sobre o projeto através da indicação de pessoas vinculadas a projetos de cinema estudantil na região metropolitana de Porto Alegre", disse a pesquisadora. Ela também destacou a importância sociocultural que o projeto de extensão tem na comunidade. "O Cine foi escolhido para compor a amostra da pesquisa por realizar produções cinematográficas e audiovisuais fora dos circuitos convencionais e comerciais e, principalmente, por sua relevância social, uma vez que utiliza o cinema como mediação para a discussão e crítica de temas que perpassam a política e a sociedade, processos essenciais para uma mudança social", ressaltou a doutoranda.

Ao ser questionada sobre seu interesse pela área da cinematografia, Vanessa expressou sua disposição em trabalhar com projetos que sejam capazes de estimular o senso crítico dos participantes. Para ela, os filmes não são um mero instrumento pedagógico, mas uma contribuição, enquanto criações artísticas, na formação de jovens e adultos pensantes. "Associar o cinema a essa proposta se deu por acreditar que a arte por si só é resistência, pois, ao unir razão e sensibilidade, somos capazes de provocar pensamentos, despertando desejos de ação e de transformação. Os filmes, enquanto arte, são capazes de mediar processos reflexivos, produzir significados, possibilitando o questionamento da estrutura social, bem como coletivizar determinados valores e comportamentos", concluiu.

Emily Bilhan
Estagiária de Jornalismo da Ulbra Canoas