Professor Renato P. dos Santos Foto: Arquivo pessoal

O livro Quantum Computing: Physics, Blockchains, and Deep Learning Smart Networks, lançado neste ano, teve como contribuição a pesquisa do professor de Física da Ulbra, Renato P. dos Santos. Já há cinco anos estudando o futuro da blockchain, o físico explica sobre o que se trata a publicação e a satisfação de fazer parte da obra juntamente com os pesquisadores Melanie Swan e Frank Witte. 

Iniciando nas famosas criptomoedas, em que a mais conhecida é a Bitcoin, Santos explica que a maioria das pessoas não sabe que, para seu funcionamento, foi desenvolvida uma tecnologia de armazenamento de dados intrinsecamente segura para adulterações. A tecnologia, chamada blockchain é a chave para a obra, que busca explorar os futuros problemas e preocupações que essa rede pode sofrer. 

"Qualquer sistema que necessite altíssima segurança contra hackeamento pode se beneficiar dela", explica. Além da aplicação nas criptomoedas, a tecnologia pode integrar outros serviços, pois todos os documentos armazenados na blockchain são intrinsecamente seguros e não podem ser corrompidos, sendo independentes de gestores responsáveis. "Ela é distribuída em uma rede de nós independentes", completa. Na Estônia, por exemplo, o serviço já é usado para integrar todas as atividades do governo, dispensando os cartórios. "Basta um único documento de identidade com chip para acessar todos os serviços do país, incluindo bancos, serviços médicos, eleições, etc.", explica. 

Com a popularização do serviço, é natural a expansão dele e o aumento da complexidade. "Podem surgir fenômenos críticos como comportamentos caóticos e black swans", completa o professor. Assim, os pesquisadores do futuro da blockchain têm uma preocupação com o impacto destes fenômenos críticos e como eles poderiam comprometer no uso alargado da tecnologia. "Aplicamos nosso conhecimento de Física para analisar esses fenômenos críticos", conta. Além disso, eles foram mais longe, propondo uma teoria física que pudesse considerar como o avanço da inteligência artificial e da Internet das Coisas poderiam se entrelaçar com este serviço, resultando nas redes inteligentes (smart networks). 

O autor explica que o livro é uma tentativa de aplicar os conhecimentos sobre Física dos fenômenos críticos, Inteligência Artificial (especialmente deep learning), Computação quântica e IoT. "Para um futuro em que não só a blockchain se torne uma tecnologia padrão, como a própria rede seja imbuída de inteligência artificial e capaz de trabalhar a informação armazenada nela", completa. O público-alvo são os desenvolvedores de sistemas usando a blockchain, especialmente sistemas críticos, tais como bancos e governos. 

Para finalizar, Santos expressa que é de grande orgulho fazer parte da elaboração da obra, pelo tema ser de grande avanço científico e tecnológico e "por ter tido a honra de colaborar em um trabalho desta envergadura com pessoas tão brilhantes como a Melanie e o Frank".

O pesquisador é doutor em Física (na área de Teoria quântica de campos e Supersimetria) e fez pós-doc na Alemanha em Inteligência Artificial aplicada à Física. Na Ulbra, é professor de licenciatura em Física, além do Programa de Pós-graduação (Doutorado acadêmico) em Ensino de Ciências e Matemática (PPGECIM), onde realiza pesquisas, além de orientar doutorandos e mestrandos.

Giovanna Cerceira
Estudante de Jornalismo da Ulbra Canoas