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Você já ouviu falar na campanha Julho Laranja? Ela foi criada para chamar a atenção sobre os cuidados ortodônticos precoces e a prevenção de problemas oclusais, como o mau posicionamento dos dentes nas arcadas dentárias, ou alterações esqueléticas, especialmente durante a infância. Elas são as que mais sofrem devido à constante fase de desenvolvimento, mas isso pode ser prevenido com cuidados e visitas ao dentista desde cedo. A infância é a melhor fase da vida para iniciar os cuidados com a saúde bucal, pois é nesse momento que os profissionais conseguem intervir precocemente para prevenir, corrigir ou atenuar a gravidade de problemas ortodônticos, especialmente se tratando das más oclusões.

"É prioritária a conscientização da população em geral  e, principalmente, dos pais sobre a importância dos cuidados ortodônticos ainda na infância, visando à possibilidade da intervenção ortodôntica preventiva, que pode evitar o agravamento de diversas alterações dento-esqueletais que exigem tratamentos ortodônticos complexos na dentição permanente", diz Ivana Ardenghi Vargas, professora do curso de Odontologia da Ulbra. 

Cuidados desde a infância

De acordo com a docente, é recomendado que a primeira avaliação ortodôntica em crianças ocorra a partir dos seis anos de idade. "O ideal é começar os trabalhos quando a criança ainda tem a dentadura mista (período em que tem-se dentes decíduos e permanentes na cavidade bucal), o que propicia um trabalho preventivo mais efetivo", ressalta a professora. 

Segundo Ivana, um exame precoce pode precisar como e quando o problema deverá ser tratado para se obter os melhores benefícios no menor espaço de tempo. "Embora a idade precoce seja ideal para a primeira avaliação, melhorias são possíveis em qualquer idade", ressaltanda a docente, indicando que, em muitos casos, problemas ortodônticos podem estar escondidos por trás de sorrisos perfeitamente aceitáveis.

Problemas que podem ser identificados em exame inicial

A profissional afirma que em um exame inicial pode-se verificar vários fatores capazes de impedir o desenvolvimento normal da dentição e face, assim como identificar a doença cárie. Além disso, através da prevenção da cárie, o profissional poderá utilizar-se de intervenções específicas no momento correto para manter e recuperar espaços impedindo a instalação ou agravamento de mal oclusões. "Os Ortodontistas e Odontopediatras devem acompanhar este processo e intervir se houver risco dos dentes não erupcionarem por falta de espaço que pode estar relacionada com a genética herdada pelo paciente", destacou. 

Muito frequentemente alterações oclusais (mordida) na tenra infância também podem estar relacionadas com hábitos bucais inadequados como sucção de dedo e/ou chupeta. "Estes provocam múltiplas alterações que, inicialmente, vão alterar as posições dentárias. Com o passar do tempo, estes poderão alterar o tamanho e morfologia dos ossos faciais, necessitando de tratamentos complexos e menos conservadores na dentição permanente", explicou a professora.  

As principais alterações são mordida aberta (dentes anteriores ficam distantes), mordidas cruzadas (inversão da mordida considerada normal), palato profundo e alterações na tonicidade dos músculos faciais e sua capacidade de exercerem seu papel durante a mastigação, respiração e fala. Os aparelhos ortodônticos aplicados nesta fase de desenvolvimento são muito bem aceitos pela criança e têm uma efetividade comprovada na literatura ortodôntica. "No curso de Odontologia da Ulbra temos trabalhado nas clínicas infantis este fantástico processo de transformação da Odontologia em qualidade de vida", completou Ivana.

Confira mais dicas para a saúde bucal infantil:  

- Levar os filhos para a consulta odontológica desde antes da erupção do primeiro dente decíduo é fundamental para orientar os pais sobre uma boa higiene bucal;

- Manter uma alimentação equilibrada (evitar dieta cariogênica, que é rica em carboidratos);

- Incentivar o aleitamento materno por, no mínimo, seis meses estimula o bom desenvolvimento esquelético, muscular e facial;

- Além das consultas com o dentista, os pais são essenciais para ensinar e incentivar a criança a ter hábitos de higiene;

- Usar o fio dental desde o surgimento dos primeiros dentes de leite na boca para acostumar a criança a se tornar um hábito.

Naira Nunes
Estagiária de Jornalismo Ulbra Canoas